quinta-feira, 2 de junho de 2011

Bullying: problema real

Encarado como um problema grave e universal, o bullying começa a se transformar também em um objeto de um número cada vez maior de estudos e pesquisas. Confira nossa nova matéria e participe dos debates na rede!

Recentemente, o termo inglês "bullying" foi incorporado com sucesso ao vocabulário de professores, coordenadores pedagógicos e estudantes de todo o Brasil. O conceito, derivado da palavra “bully” (valentão, em português), pode ser definido como qualquer atitude agressiva (física ou emocional) exercida por um ou mais indivíduos, tendo como finalidade a intimidação, humilhação ou agressão da vítima. O assunto, no entanto, embora incorporado à agenda pedagógica brasileira, está longe de ser conhecido em suas especificidades. Por muito tempo, a prática do “bullying” foi subestimada ou mesmo ignorada por professores, pais e especialistas em educação. Esse cenário só mudou nos últimos anos, quando pesquisadores e os meios e comunicação passaram a publicar estudos que mostravam que esse tipo de violência é muito mais antiga, universal e danosa do que se imaginava.

Em 2011, a discussão sobre “bullying” foi intensificada com os trágicos acontecimentos ocorridos no dia 7 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, Rio de Janeiro. Na ocasião, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, entrou armado nas dependências da escola e disparou contra diversos alunos . No total, doze pessoas foram mortas. Wellington – um ex-aluno da escola – cometeu suicídio em seguida. Dias depois, as autoridades descobriram vídeos e uma carta do atirador, no qual ele dava como justificativa as agressões sofridas por ele em sua época de estudante. A justificativa dividiu os especialistas, provocou polêmicas na esfera pública, mas independente do que se disse a respeito, o “bullying” consolidou-se de vez como uma questão verdadeiramente nacional.

O que motiva o comportamento agressivo de certos adolescentes ainda não é algo totalmente conhecido. Muitos educadores, porém, acreditam que o fenômeno pode estar intimamente associado à maneira como as diferenças no ambiente escola (físicas, sociais, materiais, emocionais, até mesmo verbais) são conhecidas e enfrentadas pelos alunos. A escola, por excelência, é a primeira experiência do ser humano com a sociedade não-familiar. É na escola que a criança se depara pela primeira vez com o diferente, com o assimétrico. Quando este contato não é positivo, pode haver dano à sociabilidade, algo que é potencializado durante a adolescência, quando o jovem está em pleno processo de construção identitária. É neste momento que pode ocorrer o comportamento agressivo e/ou de submissão à agressão do outro.

É preciso dizer, no entanto, que a escola não é a única explicação para o problema. O “bullying” também pode estar relacionado a traumas pessoais bastante específicos, problemas familiares ou ainda a insucessos (de aprendizagem ou de relacionamentos) da criança e do adolescente no decorrer de sua formação. Isso, porque a prática do “bullying” quase sempre está associada à necessidade de afirmação social, à necessidade de retomar um equilíbrio perdido ou nunca alcançado. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia publicada no American Sociological Review concluiu que o "bullying" é praticado como uma forma de ganhar popularidade, sendo seus principais alvos garotos com status médio ou alto entre seus colegas. No total, foram ouvidos 3.722 alunos dos últimos anos do ensino fundamental de três condados no Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Pesquisas ajudam a entender melhor o fenômeno

Com a calorosa discussão pública sobre o “bullying”, os pesquisadores brasileiros vêm se dedicando cada vez mais ao estudo do fenômeno. E não se trata apenas de pesquisadores da área da educação. De muitas formas, o assunto vem sendo visto também como uma questão na área de saúde. Prova disso, é o livro "Bullying - mentes perigosas nas escolas", da médica Ana Beatriz Barbosa Silva. O livro se tornou um verdadeiro best-seller ao vender mais de 400.000 cópias no Brasil. No livro, Ana Beatriz faz um inventário de vários tipos de violência e mostra como esta prática está associada à desigualdade de poder ou também à baixa auto-estima.

As pesquisas mostram outros aspectos interessantes do problema. Os próprios alunos estão preocupados com o "bullying". Pelo menos é que aponta um estudo da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.Entre os meses de janeiro de 2008 e janeiro de 2010, 20% das dúvidas no Disque-Adolescente eram sobre dificuldades de relacionamento na escola por causa do bullying.Dúvidas sobre anticoncepção também são freqüentes, respondendo por 33,2% das ligações feitas ao serviço.Sexualidade responde por 19,2% e obstétricas, 21,2%.

Outra pesquisa sobre o tema derruba um mito: o de que o "bullying" está atrelado a uma determinada classe social. Quem desmente esse tipo de avaliação é um estudo apresentado nesta segunda-feira pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas pela Infância, realizado em parceria com a FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, na Argentina. De acordo com o trabalho "Clima, conflitos e violência na escola", diferentemente do que se imaginava, os estudantes das classes mais vulneráveis socialmente não são necessariamente os mais violentos nas escolas.Nas escolas privadas pesquisadas, 13,2% dos alunos disseram que já foram alvos da crueldade de seus companheiros e 15,1% foram satirizados por alguma característica física. Já nas públicas da pesquisa, esses números são de 4,3% e 12,9%, respectivamente.

No Brasil, por sua vez, o IBGE preparou uma espécie de "mapa do bullying". Segundo o estudo do órgão, Brasília está no primeiro lugar na prática de "Bullying". 35,6% dos estudantes entrevistados do DF disseram ser vítimas constantes da agressão. Belo Horizonte, em segundo lugar com 35,3%, e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2 %, foram, junto com Brasília, as capitais com maior freqüência de estudantes que declararam ter sofrido bullying alguma vez.

FONTE:
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-318

sábado, 24 de outubro de 2009

"Papai, então me explica para que serve a História", March Bloch

Responder aos jovens para que serve a História requer oferecer-lhes condições para que possam refletirem criticamente sobre suas experiências de viver a história e para identificarem as relações que essas guardam com experiências de outro sujeitos em tempos, lugares e culturas diversas das suas.
Os jovens vivem e participam de um tempo de múltiplos acontecimentos que necessitam serem compreendidos na sua historicidade. No entanto, a velocidade, variedade e quantidade de informações, possibilitada pelo avanço tecnológico dos últimos tempos, dificultam a compreensão da historicidade. O acúmulo e a velocidade dos acontecimentos afetam os referentes temporais e identitários e também fazem com que os jovens vivam, segundo Hobsbawm, “numa espécie de presente contínuo”, com fracos vínculos entre a experiência pessoal e a das gerações passadas.
Auxiliar os jovens a construírem o sentido do estudo da História constitui, pois, um desafio que requer ações educativas articuladas. Trata-se de poder-lhes oferecer um contraponto que possa permitir uma ressignificação de suas experiências tanto no contexto como na duração histórica da qual fazem parte, e também apresentar os instrumentos cognitivos que os auxiliem a transformar os acontecimentos contemporâneos e aqueles do passado em problemas históricos a serem estudados e investigados.
Essa nova versão dos parâmetros curriculares de História, procura buscar a sintonia com os anseios dos professores quanto a suas visões a respeito das necessidades de formação de jovens do nosso tempo e com suas concepções a respeito da História e do seu ensino.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Urgência de um Ethos Mundial: o Ethos Mundial de que precisamos, segundo Leonardo Boff


Três problemas suscitam a urgência de uma ética mundial: a crise social, a crise do sistema de trabalho e a crise ecológica, todas de dimensões planetárias.


Problemas globais, soluções globais

Em primeiro lugar, a crise social. Os indicadores são notórios e não precisamos aduzi-los. A mudança da natureza da operação tecnológica, mediante a robotização e a informatização, propiciou uma produção fantástica de riqueza. Ela vem apropriada, de forma altamente desigual, por grandes corporações transnacionais e mundiais que aprofundam ainda mais o fosso existente entre ricos e pobres. Essa acumulação é injusta, porque pessimamente distribuída. Os níveis de solidariedade entre os humanos decaíram aos tempos da barbárie mais cruel.

Tal fato suscita um fantasma aterrador: uma bifurcação possível dentro da espécie humana.

Por um lado, estrutura-se um tipo de humanidade opulenta, situada nos países centrais, que controla os processos científico-técnicos, econômicos e políticos e é o oásis dos países periféricos onde vivem as classes aquinhoadas. Todos esses se beneficiam dos avanços tecno-científicos, da biogenética e da manipulação dos recursos naturais e vivem em seus refúgios por cerca de 120/130 anos, tempo biológico de nossas células. Por outro, a velha humanidade, vivendo sob a pressão de manter um status de consumo razoável ou simplesmente na pobreza, na marginalização e na exclusão. Esses, os deserdados e destituídos, vivem como sempre viveu a humanidade e alcançam no máximo a média de 60-70 anos de expectativa de vida.

Em segundo lugar, a crise do sistema de trabalho: as novas formas de produção cada vez mais automatizadas dispensam o trabalho humano; em seu lugar, entra a máquina inteligente. Com isso, destroem-se postos de trabalho e tornam-se os trabalhadores descartáveis, criando um imenso exército de excluídos em todas as sociedades mundiais.

Tal mudança na própria natureza do processo tecnológico demanda um novo padrão civilizatório. Haverá desenvolvimento sem trabalho. A grande questão não será o trabalho – esse no futuro poderá ser o luxo de alguns – mas o ócio. Como passar de uma sociedade de pleno emprego para uma sociedade de plena atividade que garanta a subsistência individual? Como fazer com que o ócio seja criativo, realizador das virtualidades humanas? Libertado do regime assalariado a que foi submetido pela sociedade produtivista moderna, especialmente capitalista, o trabalho voltará à sua natureza original: a atividade criadora do ser humano, a ação plasmadora do real, o demiurgo que transporá os sonhos e as virtualidades presentes nos seres humanos em práticas surpreendentes e em obras expressivas do que seja e do que pode ser a
criatividade humana. Estamos preparados para esse salto de qualidade rumo à plena expressão humana?

Em terceiro lugar, emerge a crise ecológica. Os cenários também são de amplo conhecimento, divulgados não apenas por reconhecidos institutos de pesquisa que se preocupam com o estado global da Terra, mas também pela própria Cruz Vermelha Internacional e por vários organismos da ONU. Nas últimas décadas, temos construído o princípio da autodestruição. A atividade humana irresponsável em face da máquina de morte que criou pode produzir danos irreparáveis à biosfera e destruir as condições de vida dos seres humanos. Numa palavra, vivemos sob uma grave ameaça de desequilíbrio ecológico que poderá afetar a Terra como sistema integrador de sistemas.

Ela é como um coração. Atingido gravemente, todos os demais organismos vitais serão lesados: os climas, as águas potáveis, a química dos solos, os microorganismos, as sociedades humanas. A sustentabilidade do planeta, urdida em bilhões de anos de trabalho cósmico, poderá desfazerse. A Terra buscará um novo equilíbrio que, seguramente, acarretará uma devastação fantástica de vidas. Tal princípio de autodestruição convoca urgentemente outro: o princípio de corresponsabilidade por nossa existência como espécie e como planeta. Se queremos continuar a aventura terrenal e cósmica, temos de tomar decisões coletivas que se ordenam à salvaguarda do criado e à manutenção das condições gerais que permitam a evolução seguir seu curso ainda
aberto.

A revolução possível em tempos de globalização

A causa principal da crise social se prende à forma como as sociedades modernas se organizaram no acesso, na produção e na distribuição dos bens da natureza e da cultura. Essa forma é profundamente desigual, porque privilegia as minorias que detêm o ter, o poder e o saber sobre as grandes maiorias que vivem do trabalho; em nome de tais títulos se apropriam de maneira privada dos bens produzidos pelo empenho de todos. Os laços de solidariedade e de cooperação não são axiais, mas o são o desempenho individual e a competitividade, criadores permanentes de apartação social com milhões e milhões de marginalizados, de excluídos e de vítimas.

A raiz do alarme ecológico reside no tipo de relação que os humanos, nos últimos séculos, entretiveram com a Terra e seus recursos: uma relação de domínio, de não reconhecimento de sua alteridade e de falta do cuidado necessário e do respeito imprescindível que toda alteridade exige. O projeto da tecnociência, com as características que possui hoje, só foi possível porque, subjacente, havia a vontade de poder e de estar sobre a natureza e não junto dela e porque se destruiu a consciência de uma grande comunidade biótica, terrenal e cósmica, na qual se encontra inserido o ser humano, juntamente com os demais seres.

Essa constatação não representa uma atitude obscurantista em face do saber científi co-técnico, mas uma crítica ao tipo de saber científico-técnico e à forma como ele foi apropriado dentro de um projeto de dominium mundi. Este implica a destruição da aliança de convivência harmônica entre os seres humanos e a natureza, em favor de interesses apenas utilitaristas e parcamente solidários. Não se teve em conta a subjetividade, a autonomia e a alteridade dos seres da própria natureza.

Importa, entretanto, reconhecer que o projeto da tecnociência trouxe incontáveis comodidades para a existência humana. Levou-nos para o espaço exterior, criando a chance de sobrevivência da espécie homo sapiens/demens em caso de eventual catástrofe antropológica. Universalizou formas de melhoria de vida (na saúde, na habitação, no transporte, na comunicação, etc.) como jamais antes na história humana. Desempenhou, portanto, uma função libertadora inestimável.

Hoje, entretanto, a continuação desse tipo de apropriação utilitarista e antiecológica poderá alcançar limites intransponíveis e daí desastrosos. Atualmente, para conservar o patrimônio natural e cultural acumulados, devemos mudar. Se não mudarmos de paradigma civilizatório, se não reinventarmos relações mais benevolentes e sinergéticas com a natureza e de maior colaboração entre os vários povos, culturas e religiões, dificilmente conservaremos a sustentabilidade necessária para realizar o projeto humano, aberto para o futuro e para o infinito.

Para resolver esses três problemas globais, dever-se-ia, na verdade, fazer uma revolução também global. Entretanto, assim nos parece, o tempo das revoluções clássicas, havidas e conhecidas, pertence a outro tipo de história, caracterizada pelas culturas regionais e pelos estadosnações.

Para tal revolução global, far-se-ia necessária uma ideologia revolucionária global, com
seus portadores sociais globais que tivessem tal articulação, coesão e tanto poder que fossem capazes de se impor a todos. Ora, tal situação não é dada nem possivelmente dar-se-á aproximadamente.

E os problemas gritam por um encaminhamento, pois sem ele poderemos ir ao
encontro do pior.

A saída que muitos analistas propõem e que nós assumimos – é a razão de nosso texto – é encontrar uma nova base de mudança necessária. Essa base deveria apoiar-se em algo que fosse realmente comum e global, de fácil compreensão e realmente viável. Partimos da hipótese de que essa base deve ser ética, de uma ética mínima, a partir da qual se abririam possibilidades de solução e de salvação da Terra, da humanidade e dos desempregados estruturais.

Nessa linha dever-se-á, pois, fazer um pacto ético, fundado não tanto na razão ilustrada, mas no pathos, vale dizer, na sensibilidade humanitária e na inteligência emocional expressas pelo cuidado, pela responsabilidade social e ecológica, pela solidariedade generacional e pela compaixão, atitudes essas capazes de comover as pessoas e movê-las para uma nova prática histórico-social libertadora. Urge uma revolução ética mundial.

Tal revolução ética deve ser concretizada dentro da nova situação em que se encontram a Terra e a humanidade: o processo de globalização que configura um novo patamar de realização da história e do próprio planeta. Nesse quadro, deve emergir a nova sensibilidade e o novo ethos, uma revolução possível nos tempos da globalização.

Por ethos, entendemos o conjunto das inspirações, dos valores e dos princípios que orientarão as relações humanas para com a natureza, para com a sociedade, para com as alteridades, para consigo mesmo e para com o sentido transcendente da existência: Deus. Como veremos ao longo de nossas reflexões, esse ethos não nasce límpido da vontade, como Atena nasceu toda armada da cabeça de Júpiter. Mas toda ética nasce de uma nova ótica. E toda nova ótica irrompe a partir de um mergulho profundo na experiência do Ser, de uma nova percepção do todo ligado, religado em suas partes e conectado com a Fonte originária donde promanam todos os entes. (BOFF, 2000).

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"A gente não quer só comida, quer diversão e arte".

O Projeto de Lei que cria o Vale-Cultura foi encaminhado ao Congresso, pelo presidente Lula, no dia 23 de julho de 2009. O projeto tem por objetivo fortalecer o elo entre educação e cultura garantindo a todos os brasileiros acesso a bens culturais.
Atualmente há um abismo entre a produção cultural e o consumo desta: apenas 13% dos brasileiros vão ao cinema uma vez por ano; 92 % nunca visitaram um museu; apenas 17% compra, livros; 78% nunca assitiram a um esperáculo de dança. O projeto institui um benefício de até R$ 50,00 que permitirá ao trabalhador utilizá-lo no consumo de bens e serviços culturais (compra de entradas de cinemas, teatros, museus ou na aquisição de livros, CDs).
O Vale-cultura é um passo importantíssimo para garantir a incorporação da cultura na vida e na família dos trabalhadores do nosso país. A meta do projeto é de atingir à 12 milhões de trabalhadores na primeira fase.
Mais um projeto de grande importância, mais uma política de inclusão sociocultural, pois, como nas palavras do ministro Juca Ferreira: "não há sentido em apoiar a produção cultural, sem apoiar seu consumo".

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Chicken a la Carte, de Ferdinand Dimadura.

Curta premiado no festival alemão, eleito como melhor por votação do público.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Surto de despreparo.


A falta de preparo e o desconhecimento fazem com que as autoridades sanitárias, ao invés de alertar a população, acabam por alarmá-la, provocando mais estragos que o próprio surto virótico.
Na última semana tive a oportunidade, ou a infelicidade, de ser enquadrado nos casos suspeitos de ter contraído o vírus INFLUENZA H1N1 pelo fato de apresentar grande parte dos sintomas e de ter freqüentado locais de risco, no caso, o aeroporto internacional de Guarulhos – SP.
Apresentando sintomas como: forte dor de cabeça, febre alta (38º), náuseas, diarréia, cansaço, calafrios segui orientações do ministério da saúde para antes procurar um profissional da saúde para que ele pudesse avaliar e classificar meu risco, para depois eu ser ou não encaminhado para o hospital responsável em receber os pacientes contaminados com o vírus, no caso de minha cidade o Hospital de Doenças Tropicais (HDT).
Fui a um hospital particular que atendia pelo meu plano de saúde (IPASGO). Ao chegar ao local estava fazendo minha ficha, cadastrando meus dados, quando informei uma suposta contaminação pela Gripe Suína, como esta sendo chamado, rapidamente um médico que estava presente no local procurou orientação da diretoria e veio me informar que o hospital não estava preparado para receber pacientes contaminados. Deram-me então uma máscara e pediram que eu procurasse um CAIS, ou posto de saúde. Então me alarmei, estou realmente contaminado, nem precisei de exame e já fui rotulado pelo meu momentâneo medo que me fez dizer: “pode ser gripe suína”.
Então, após eu auto me diagnosticar, procurei um CAIS, na ocasião o mais próximo era o do Jardim América. Chegando ao local deparei-me com mais uma desorganização da saúde pública, não havia profissional de saúde no CAIS. Dirigi-me então a outro CAIS que por sinal não atendia casos de gripe (não sei responder o porquê). Fui a mais um CAIS, desta vez um próximo ao HDT, pois se não conseguisse atendimento, iria contrariar a recomendação do ministério da saúde e me dirigir diretamente ao hospital responsável.
Chegando ao terceiro CAIS consegui atendimento. Fui “diagnosticado” e considerado um caso de internação pelos profissionais do local, ou seja, os responsáveis por determinar quem irá ou não ser internado. Preencheram-se as papeladas, fiquei aguardando o SAMU, pois só poderia me deslocar do local de ambulância.
Passadas duas horas, nada de informações, nada de SAMU, e a paciência já se esgotando por estar em uma sala da qual não podia sair por riscos de contaminação.
Por fim, o SAMU não veio o HDT não aceitou minha internação, por não considerar meu caso grave e recomendou repouso em casa com todos os cuidados. O médico que me diagnosticou, mudou seu diagnóstico, eu já não apresentava riscos, me receitou remédios, enfim, por quais motivos fiquei mesmo por duas horas sentado em uma sala não podendo sair, só podendo me deslocar de ambulância se no final não era um caso de risco?
No dia seguinte, já em casa, de mascara, tomando todos os cuidados que foram recomendados, vim a descobrir o real motivo de minha enfermidade. A ingestão de um presunto vencido a mais de 20 dias me causou uma infecção intestinal, quadro clínico que foi confirmado no dia seguinte após a consulta com um Profissional especializado.
Assim sendo, por passar pela experiência da possibilidade de uma infecção por um vírus ainda não conhecido em sua plenitude, pude perceber a falta de informação, o despreparo, a desorganização da saúde pública no quesito INFLUENZA A H1N1.
Nas matérias jornalísticas fica evidente a falta de instrução da população brasileira. Ao invés de se evitar aglomerações, estas estão acontecendo na porta dos CAIS, Postos de Saúdes, Hospitais.
O que recomendo: se informe, não se alarme, tenha calma, procure atendimento – por mais que este possa ser a parte mais complicada – e, caso passe pelo o que passei, divulgue.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sou mais um jornalista?

Após o dia 30 de abril, quando o STF declarou inválida a Lei de Imprensa (1967), parece estar havendo muitos receios, por parte dos que têm diploma, ou estão cursando jornalismo, ou pretendem fazer o curso, do que a realidade justifica. Primeiro: o diploma garante a qualidade do exercício profissional? Será preciso lembrar quantos casos para demonstrar o contrário? É só lermos jornais, revistas; acompanharmos os radios e a televisão. Se observarmos, e olha que nem precisamos observar tanto, veremos que o jornalismo praticado no Brasil, claro que têm as suas exceções, é técnicamente medíocre, é uma repetição de si mesmo, quem viu um viu todos. Segundo: na prática, penso que é como se apenas tivesse sido "referendada" uma prática já existente: as redações possuem grandes quantidades de profissionais não diplomados.
Se há uma ameaça ao futuro do jornalismo brasileiro, penso conforme o historiador Guilherme Scalzilli: "os interessados podem procurá-la numa crise inédita de credibilidade, nascida nas próprias redações e alimentada com a cumplicidade de todos os envolvidos, principalmente os tais diplomados".
Agora, sou mais um jornalista? Soaria desonesto furtar um grau superior reconhecido oficialmente. Meus textos, ao contrário do que prega a lógica jornalística, são excessivamente opinativos e diletantes para tamanhas pretensões.